quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O AVANÇO DOS INIMIGOS

 
Rev.  pe. Paulo Ricardo de Azevedo

“Há um grupo que se apossou da “classe falante” e não nos dá direito de falar e expressar nossas opiniões.” (Pe. Paulo Ricardo)

“A sociedade está em crise porque os líderes morais (...) estão calados. Alguém tem de pagar o preço de falar. Mesmo sabendo que, ao falar, a pessoa vai sofrer o martírio dos tempos modernos”. (Pe. Paulo Ricardo)

Nascido em novembro de 1967, o Padre Paulo Ricardo foi ordenado em 1992, pelo Beato João Paulo II. É bacharel em Teologia e mestre em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma). Membro do Conselho Internacional de Catequese, nomeado pela Santa Sé, pertence à Arquidiocese de Cuiabá (Mato Grosso). É autor de diversos livros e apresentador de programa televisivo.

Segue abaixo parte de uma entrevista concedida por ele ao Jornal de Londrina (JL):

JL: Há uma guerra cultural em curso no Brasil de hoje, à semelhança do conflito que Peter Kreeft identificou na sociedade norte-americana?

Padre Paulo Ricardo: Existe uma guerra cultural incipiente no país. Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, a esquerda brasileira conseguiu a hegemonia da mídia. Em todos os âmbitos. Qualquer um que seja oposição só tem um espaço de militância atualmente, que é a internet. Basicamente esse é o espaço que nos concedem – ainda.

A esquerda diz que a revolução só pode ser alcançada se houver um período que a precede, chamado de acumulação de forças. Nós estamos no período de acumulação de forças. Ainda não existe guerra de fato. Guerra supõe exército dos dois lados. O que existe é um exército que invadiu e ocupou o país. Nós temos uma ocupação hegemônica da esquerda. Mas a geração está sendo formada.

O P.e Paulo e alguns formadores do seminário Mater Eclessiae.
Bento XVI, nesse sentido, foi o homem da Providência para a Igreja e para o Brasil. É preciso recomendar que o cardeal Joseph Ratzinger foi o homem que condenou a Teologia da Libertação. Antes, quando se citava o cardeal Ratzinger, tudo quanto era bispo e padre aqui no Brasil dizia que isso era uma “visão radical”. Hoje em dia, cita-se Bento XVI e todos têm que ficar calados, porque não podem dizer que o papa é radical. O papa nos deu carta-branca. Está servindo como escudo para que a gente possa agir.

Dentro do meu ministério, eu sempre tenho como diretriz lutar as lutas que o papa está lutando. De tal forma que o bom católico veja que eu não estou seguindo uma ideologia; eu estou seguindo a fé da Igreja de 2000 anos. A hegemonia esquerdista no Brasil é tal que a pessoa que pretende ser católica se sente um peixe fora d’água. A oposição ao pensamento do papa é tão grande que a maior parte dos jovens se sentiria fora da Igreja. A esquerda católica nos acusa – a nós que somos fiéis a Bento XVI – de estarmos fora da Igreja. Mas já que o papa está ao nosso lado e nós estamos ao lado do papa, eles não podem mais dizer isso.

JL: O senhor sempre diz que no Brasil tenta-se impor uma minoridade social aos católicos. Em que consiste esse processo?

Padre Paulo Ricardo: É a chamada ideologia do Estado laico. Segundo essa ideologia, qualquer pessoa que tenha uma visão religiosa do mundo deve guardá-la para sua vida privada. Para os defensores dessa ideologia, a religiosidade não tem espaço público, não tem cidadania. Uso essa expressão – minoridade – para dizer que nós somos cidadãos brasileiros como os menores de idade. Mas nem todos os nossos direitos são reconhecidos. Os menores de idade não podem votar, não podem dirigir carro, têm direitos e responsabilidades limitadas. 

Há um grupo que se apossou da “classe falante” e não nos dá direito de falar e expressar nossas opiniões – porque nós somos religiosos. O fato é o seguinte: o ateísmo é uma atitude tão religiosa quanto o catolicismo, pois vê o mundo a partir de um prisma religioso, a não-existência de Deus. Não existe alguém indiferente ao problema religioso. Se você varre do espaço público qualquer manifestação religiosa, não está colocando o Estado nas mãos de uma visão religiosamente isenta; você está impondo uma religião que se chama materialismo ateísta. Os ateus não são cidadãos de primeira categoria e nós não somos cidadãos de segunda categoria. Eles são tão cidadãos quanto nós; têm o direito de ser ateus. (sic.) Só que, numa democracia, quem dá o tônus do ambiente cultural é a maioria. A maioria esmagadora da população brasileira é extremamente religiosa. Portanto, nós não temos por que ficar amordaçados por uma minoria de ateus militantes.

(O negrito é nosso) 


Retirado do Blog: O Candango Conservador 

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Regina sacratissimi Rosarii, ora pro nobis!