terça-feira, 20 de maio de 2014

APONTAMENTOS SOBRE O PAPADO - Parte III

S.S. Pio XII em sua sedia gestatória.
“Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (São Mateus)



Prof. Pedro Maria da Cruz

Abordemos rapidamente algumas questões levantadas por críticos do papado. Acreditamos que será de grande utilidade para todos nós que pugnamos na defesa das coisas de Deus. Sabemos das muitas barreiras que são colocadas perante os olhos de católicos sinceros tantas vezes mal formados por certa catequese superficial e desnorteada. 

Uma questão levantada refere-se à antiguidade do exercício da autoridade do Bispo de Roma (o papa) sobre a Igreja universal. Afirmam os desinformados que o papado seria uma instituição medieval inventada pela Igreja Católica (ou mesmo pelo Império Romano) como forma de centralização do poder. 

...ora, jamais poderiam ser verdadeiras tais afirmações. 

Há provas cabais de que o exercício de poder dos Bispos de Roma - os papas – remonta inclusive ao primeiro século da era cristã; o que prova sua irrefutável continuidade em relação à autoridade de São Pedro. 

Tiara papal
O pensador G. E. Dellegrave, em sua interessante obra por nós já citada, apresenta uma série de interferências papais nos cinco primeiros séculos da era cristã, o que comprova nossa assertiva. De acordo com ele, já no primeiro século da era cristã o papa Clemente Romano, terceiro sucessor de São Pedro, escreve aos Corintos resolvendo desavenças locais. Segundo consta, quem não obedecesse à sua carta incorreria em falta e se envolveria em grande perigo (DELLEGRAVE, pg. 100). Que bispo poderia interferir em outras comunidades cristãs senão o sucessor de Pedro? Afinal, só ele possuía autoridade sobre toda a Igreja e não simplesmente sobre seu rebanho local.

No século segundo o papa São Vitor ordenou aos bispos de todo o mundo cristão que se reunissem em Concilio para estabelecer definitivamente o dia da celebração pascal; e mais, ameaça de excomunhão aqueles que ousarem não obedecer a suas determinações como sucessor de São Pedro. Vemos aqui a clara manifestação do poder de jurisdição do papa sobre todas as Igrejas, independente do lugar onde estejam.

O papa São Calixto no século terceiro condena heresias (Patripassianos) e manifesta sua autoridade universal fazendo determinações para a África, depondo, inclusive bispos. Quem poderia fazer isso e ser respeitado como passível de fazê-lo senão o sucessor do próprio São Pedro, chefe de todas as Igrejas cristãs? 

No século quarto com o papa Júlio I, percebemos a consciência tanto do ocidente quanto do oriente no que tange à autoridade papal, pois é explicitado com clareza que é de Roma que se deve decretar o que é ideal para a Igreja como um todo (DELLEGRAVE, pg. 102). 

As duas chaves: símbolo do poder
temporal e espiritual
Finalmente, no século quinto, o papa Bonifácio I afirma numa carta com ousadia aos bispos da Tessália:“É certa por palavra divina que a Igreja romana é a cabeça de todas as Igrejas disseminadas no mundo; quem dela se aparta desmembra-se da religião cristã [...]” (DELLEGRAVE, pg. 103). Poderíamos citar muitos outros exemplos, como aqueles que estão apresentados em nosso livro “A verdadeira Igreja de Cristo”, composto pela Sociedade da Santíssima Virgem Maria - SSVM, porém cremos que esses bastam para demonstrar aos nossos leitores o quanto é infundada a opinião de que o papado teria surgido na Idade Média ou que teria sido criado pelo Império Romano como forma de dominação universal. Temos assim mais uma prova de como são infundados certos ataques dos inimigos da Igreja Católica. 

Cremos que esta primeira questão está por demais esclarecida. Deixamos para uma quarta e última parte a conclusão desta nossa série de artigos referentes ao papado. Nossa Sra. De Las Lajes! Rogai por nós!

MARIA SEMPRE!


Referência Bibliográfica

DELLEGRAVE, Geraldo E. O papado é instituição divina. São Paulo: Loyola, 1986. 

CRUZ, Prof. Pedro M. A verdadeira Igreja de Cristo. SSVM.

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