quinta-feira, 22 de outubro de 2015

MAÇONARIA, ROTARY CLUB E AFINS

 Clubes como o Rotary são quase indissociáveis da Maçonaria 
“(...) um clube, sem ‘restrições políticas ou religiosas’, para que executivos e profissionais liberais tivessem a oportunidade de desfrutar de companheirismo e estabelecer novas amizades.”

“Rotary, que chegamos a apelidar de ‘Maçonaria Branca’, já que acreditamos que Paul Harris tenha se baseado na Maçonaria para elaborar o manual de procedimentos rotários (...)”

Por Prof. Pedro M. da Cruz
Navegando pela Internet encontrei por acaso o texto abaixo que defende supostas ligações entre o Rotary Club (entre outros grupos como, por exemplo, o Lions Club) e a Maçonaria. O site que publicou o artigo pertence a uma Loja Maçônica, o que torna ainda mais interessante o tema. Achei por bem solicitar aos editores do blog que o relançassem aqui, a fim de que sirva como fonte de pesquisa e curiosidade. Deste modo, qualquer erro ou equívoco será de inteira responsabilidade dos escritores que o produziram. Nossa Senhora do Bom Conselho, rogai por nós!

ROTARY CLUB E MAÇONARIA

“Entre a metade do século XIX e os primeiros anos do século XX vários grupos de ajuda humanitária surgiram em todo o mundo. Em torno deles, a polêmica: seriam clubes de serviço ou sociedades secretas? São muitas as opiniões a esse respeito. Elks (1868), Rotary (1905), Kiwanis (1915) e Lions (1917) entraram em evidência. Foram os precursores de uma nova modalidade de clube, onde ao invés de lazer prega-se a ‘ajuda humanitária’. Os membros se reúnem semanalmente com o objetivo de unir esforços e recursos financeiros a fim de financiar projetos de ajuda a pessoas carentes e comunidades necessitadas. No entanto, para alguns pesquisadores a ‘ajuda humanitária’ seria apenas uma fachada para esconder sua verdadeira identidade.

Entre os clubes de serviço, o Rotary é o que mais se destacou e em nosso país.

O QUE É O ROTARY

Segundo nos informa o site oficial da organização, o Rotary é uma rede mundial de voluntários dedicados à prestação de serviço social. Fundada pelo maçom Paul Harris, em 23/2/1905, em Chicago, EUA, a instituição tem como lema “dar tudo de si sem pensar em si” (sic.) [Dar de si antes de pensar em si]. Suas metas são “melhorar a qualidade de vida da humanidade reduzindo disparidades mundiais em áreas como saúde, educação, agricultura, saneamento, recursos hídricos e pequenos negócios”, assim como promover a paz e a harmonia entre os homens. Não sectários e apolíticos, os Rotary Clubes são abertos a todas as raças, culturas e credos, e estão espalhados por diversas partes do Brasil e do mundo. Homens, mulheres, jovens e adolescentes integram os diversos programas da ONG. Para os jovens de 14(sic.) [ou 12] a 18 anos, o INTERACT. Para os universitários formados entre 18 e 30 anos, o ROTORACT. Após os 30 anos, o cidadão pode ser membro efetivo do Rotary.

COMO TUDO COMEÇOU

Paul Percy Harris - Fundador do Rotary
Nascido em Racine, Wisconsen (EUA), no dia 19/5/1868, Paul Percy Harris foi o segundo dos seis filhos de Gerg N. Herris e Cornélia Bryan Herris. Aos três anos de idade foi morar em Wallingford, Vermont, com seus avôs paternos, que o criaram. Casou-se com Jean Thompson (1881-1963), mas não tiveram filhos. Formou-se em Direito pela universidade de Iowa e obteve o título honorário da universidade de Vermont.

Paul Herris trabalhou como repórter de um jornal, foi professor de economia, ator e caubói. Em 1896 decidiu advogar em Chicago. Certa noite, durante uma caminhada após jantar na casa de outro advogado, Paul Harris, depois de ser apresentado a alguns amigos do seu colega que eram proprietários de casas comerciais naquele bairro residencial de Chicago se lembrou da vida na cidade de New England onde cresceu. Esse episódio inspirou Harris a organizar um clube, sem ‘restrições políticas ou religiosas’, para que executivos e profissionais liberais tivessem a oportunidade de desfrutar de companheirismo e estabelecer novas amizades.

Juntamente com Silvester Shile, comerciante de carvão, Gustavus Loehn, engenheiro de minas e Hiram Shorey, alfaiate, Harris formou o primeiro clube. O clube recebeu o nome de ‘Rotary’ devido ao fato de que seus membros se reuniam em rodízio nos respectivos locais de trabalho. No terceiro ano do clube, Harris assumiu a presidência e decidiu que a ideia do Rotary deveria ser expandida para outras cidades e países. Em 1912, após a formação de clubes no Canadá e Inglaterra, a organização passou a se cha
mar “Associação Internacional dos Rotary Clubes”. Com o passar do tempo, abriram-se filiais na Europa, América do Sul, África e Ásia. Em 27 de janeiro de 1947, por ocasião da morte o Presidente Emérito do Rotary Internacional, Paul Herris, havia cerca de 6.000, Rotary clubes pelo mundo todo.

UMA ENTIDADE FILANTRÓPICA?

Usando a mesma estratégia da Maçonaria e de outras sociedades secretas, o Rotary Clube afirma ser apenas uma ‘entidade filantrópica’, não sectária e apolítica. Entretanto, sabemos que isso não é verdade. Além de algumas semelhanças com a Maçonaria, os rotarianos estão profundamente envolvidos com a política. A maioria dos rotarianos são políticos e muitos deles estão envolvidos na administração de várias cidades e estados do Brasil.

PROVAS DOCUMENTAIS

Símbolo do Rotary, fotografado em Brasília-DF.
Na imagem é clara a relação entre Rotary e maçonaria,
 pois o "G" é um símbolo constante da maçonaria.
A relação entre o Rotary Clube e a Maçonaria é algo incontestável. Prova disso é que Lojas maçônicas amplamente divulgam na Internet destacam ambos os fundados do Rotary e Lions, Paul Herris e Melvin Jones, como maçons.

‘Maçons famosos fundaram entidades que prestam serviços a humanidade, como Os Escoteiros, por Robert Power; o Rotary, por Paul Harris; o Lions, por Melvin Jones; o Grupo de Jovens de Demolay, por Frank Sherman Lan.’

É praticamente impossível desassociar a imagem do Rotary da Maçonaria, até porque existem muitas evidências entre uma e outra sociedade. As características comuns a essas organizações como a composição, do seu quadro de membros efetivos e o método de ingresso dos novos sócios, isto é, previamente selecionados por uma comissão eletiva, são evidências que demonstram a ligação entre as sociedades.

Algumas lojas maçônicas são compostas, exclusivamente, por rotarianos. Um dos casos é da loja Rotaria número 4195 de Londres, cujas correspondências destacavam carimbos da ONG e os típicos compassos com a letra “G” em evidência, símbolo internacional do Rito Escocês.

Entre os anos de 1928 e 29 houve uma campanha internacional contra o Rotary liderado pelo jornal La Civilla, de Roma, que destacava que o ‘código de ética do Rotary apregoava princípios semelhantes ao da Maçonaria, e que os ensinamentos filosóficos e morais tinham cunho religioso’. Distribuído em vários países, o jornal defendia a ideia que o clube era ‘demasiadamente amigo dos maçons’ e ‘perigosamente inclinado ao erro de tratar todas as religiões de igual valor’”.

“A Maçonaria caminha como o Rotary, em busca de FRATERNIDADE, RESPEITO E TOLERÂNCIA. A liberdade de ação e a igualdade de direitos, não poderiam, por isto, deixar de orientar a conduta de seus membros na luta por ideais elevados.

Traçando este paralelo, a Ordem Maçônica palude (sic.) [aplaude?] a existência do Rotary, que chegamos a apelidar de ‘Maçonaria Branca’, já que acreditamos que Paul Harris tenha se baseado na Maçonaria para elaborar o manual de procedimentos rotários, e isto facilmente poderá ser comparado por qualquer rotariano observando uma sessão branca maçônica”.




MARIA SEMPRE!



quarta-feira, 14 de outubro de 2015

IDEOLOGIA DE GÊNERO vs. BIOLOGIA

A biologia supera os argumentos falaciosos da ideologia de gênero

Postado por editores do Blog

Segue abaixo interessante reflexão do filósofo e escritor José Ramón Ayllón a respeito dos conflitos entre uma Ideologia esquerdista (que se quer sobrepor tanto à natureza quanto a legítima Tradição) e a Biologia (com suas regras e leis instituídas pelo Criador). Num mundo onde tantos homens pretendem entronizar a liberdade desvinculada da razão e da verdade, serão bem vindas as palavras do autor que insiste em defender o que desde sempre foi ensinado e comprovado pela observação mais elementar: “Pode-se opinar o que se queira, mas o que opinemos é irrelevante quando é a biologia que tem a última palavra.” 

Desejamos sinceramente que as palavras do autor auxiliem aos amigos da Sociedade da Santíssima Virgem Maria - SSVM, assim como a todos os visitantes de nosso Blog, em suas lutas pela defesa da Fé e da Moral Católicas. Mãe do Bom Conselho! Rogai por nós! 

IDEOLOGIA CONTRA A BIOLOGIA 

“Por um elementar respeito pela linguagem sobre o qual se fundamenta a possibilidade de comunicação inteligente, a humanidade tem costumado chamar pão ao pão e vinho ao vinho, e matrimônio à união conjugal de um homem e uma mulher. Também é verdade que sempre existiram Quixotes que chamaram gigantes aos moinhos, castelos às estalagens e castas donzelas às moçoilas de aldeia. 

Hoje, uma moderna escola quixotesca, conhecida como ideologia de gênero, empenha-se em chamar matrimônio a outras ligações, contradizendo a evidência mais irrefutável; dizem que essas combinações poderiam gerar filhos se fosse possível fecundá-las, mas que a biologia lhes nega essa possibilidade. A obsessão da ideologia de gênero é talvez o último cartucho da luta de classes marxista, disparado pelo lobby cor-de-rosa. 

A citada escola quer fazer-nos acreditar que o matrimônio é pura convenção, regulada pelo Direito para dar um verniz de honorabilidade às relações sexuais estáveis entre adultos de diferentes sexos. Mas a verdade é que, em todos os tempos e em todos os lugares – desde os homens da caverna de Altamira até o século XXI - se protegeu essa união por estar diretamente associada à origem da vida e à sobrevivência da espécie, por ser a instituição que nos traz mais riqueza humana, laços de solidariedade e qualidade de vida. 

Família: União estável e fecunda
entre homem e mulher
A introdução artificial – por reprodução assistida ou adoção – de uma criança na casa de duas pessoas do mesmo sexo não converte essas pessoas em casadas nem os três em família. Dois homens podem ser bons pais, mas nunca serão uma mãe, nem boa nem má; duas mulheres podem ser duas boas mães, mas nunca serão um pai, nem bom nem mau. “Não desejo a nenhuma criança o que não desejei para mim mesma”, diz a psicóloga Alejandra Vallejo-Nágera: “Gosto, sempre gostei, de ter um pai e uma mãe. Qualquer outra combinação de progenitores parece-me incompleta e imperfeita”. 

Mais do que um tema jurídico ou religioso, mais do que uma questão de tolerância ou liberdade, mais do que um assunto progressista ou retrógrado, estamos diante de um problema basicamente biológico. Pode-se opinar o que se queira, mas o que opinemos é irrelevante quando é a biologia que tem a última palavra. 

Apesar disso, a ideologia de gênero - tão amiga da quadratura do círculo - diz-nos que a sexualidade masculina e feminina é opcional, não determinada pela condição biológica do homem e da mulher. Por isso, ao atribuir à liberdade um poder que não tem, ao confrontá-la tão violentamente com a biologia, torna inevitáveis sérios conflitos, morais e psicológicos, dos quais não se livram as possíveis crianças adotadas. 

A Associação Mundial de Psiquiatria sublinhou que uma criança ‘paternizada’ por um casal de homens entrará necessariamente em conflito com as outras crianças, comportar-se-á psicologicamente como uma criança em luta constante com o seu ambiente e com os outros, incubará frustração e agressividade. 

Que caminho percorreu o feminismo até chegar à ideologia de gênero? A pretensão do primeiro feminismo – nos tempos da Revolução francesa – foi legítima e positiva: a equiparação de direitos entre homem e mulher. Mas aos direitos seguiram-se as funções, e o feminismo começou a exigir a eliminação da tradicional distribuição de papéis, considerada como um arbítrio. Assim se chegou a rejeitar a maternidade, o casamento e a família. 

Simone de Beauvoir (1908 - 1986)
Encontramos na base desta nova pretensão as ideias de Simone de Beauvoir, publicadas em 1949 no seu revolucionário livro ‘O segundo sexo’. Beauvoir previne contra a ‘trapaça da maternidade’, anima a mulher a libertar-se dos ‘grilhões da sua natureza’ e recomenda que se passe a educação dos filhos para a sociedade, que se fomentem as relações lésbicas e a prática do aborto. 

Hoje, os promotores do feminismo radical de gênero lutam pelo
triunfo de novos modelos de família, educação e relações, em que o masculino e o feminino estejam abertos a todas as opções possíveis. Nos livros de texto de alguns países sobre a disciplina ‘Educação para a Cidadania’, não se fala em nenhum caso da verdade, nem do bem, nem da consciência; em pouquíssimas ocasiões se fala em família e dos pais. Em contrapartida, reivindica-se em dezenas de lugares a liberdade de orientação afetivo-sexual.” 

FONTE: AYLLÓN, J. Ramón. Mitologias modernas. Trad.: Emérico da Gama – São Paulo: Quadrante, 2011; p. 29-33. (Temas cristãos; 145)



MARIA SEMPRE!


sexta-feira, 9 de outubro de 2015

GRUPOS DE ESTUDOS DA SSVM

Por editores do blog

A Sociedade da Santíssima Virgem Maria - SSVM tem os Grupos de Estudos como um dos principais meios de apostolado. Seguem-se fotos de uma breve apresentação dos mesmos:


Informativo: em auxílio financeiro a estes apostolados como a outros projetos da SSVM, foi organizada uma rifa que presenteará um belo relógio e um "kit devoções". O sorteio pela loteria federal aconteceu no dia 26 de setembro, os bilhetes sorteados de números xx144 (1º prêmio) e xx251 (2º prêmio) não foram vendidos. Por isso, neste sábado 10/10/2015, no Grupo de Estudos Santa Filomena, teremos o sorteio para os bilhetes já vendidos.

Generosa doação de brinde para a rifa.

Muitos dos materiais do Kit são 
produzidos pela SSVM.

Há muitas maneiras de ajudar esta causa católica! Pedimos para aqueles que quiserem conhecer um pouco mais a SSVM e seus projetos, entrarem em contato conosco pelo e-mail: sociedadeapostolado@gmail.com

MARIA SEMPRE!

terça-feira, 6 de outubro de 2015

ALBERT CAMUS: SEM DEUS, NONSENSE


“Sem Deus e sem um mestre, o peso dos dias é terrível.”[1]


Postado por editores do Blog


Albert Camus foi um filósofo, romancista, jornalista, ativista, ensaísta e dramaturgo[2] nascido na Argélia [3] (1913), então colônia francesa, e morto (1960) vítima de um acidente automobilístico. Há quem afirme ter ele sido assassinado por ordem de Moscou; com efeito, era crítico do comunismo soviético - motivo pelo qual sofrera desentendimentos com Sartre (1905-1980) também comunista. 

Albert Camus (1913-1960)
Marcado por densas experiências pessoais[4], Camus fez do absurdo, da tragédia, do desespero, do suicídio, e do sofrimento, entre outros temas afins, o universo de seus conflitos interiores e reflexões filosóficas. Para ele, o homem é um revoltado no tocante à sua condição contra a qual deve ser mais forte, um estrangeiro solitário nesse mundo (onde nada teria valor ou sentido), destituído de qualquer moral ou verdade, e sempre angustiado perante o nada: veem-se aqui traços de suas notas existencialistas. 

Albert Camus foi e continua sendo um homem confuso. Apresentado por muitos como descrente, anti-teísta ou cético, não há quem deixe de taxá-lo pura e simplesmente "ateu", ou mesmo agnóstico para quem a questão de Deus é insolúvel; o que talvez explique sua estranha afirmação: “Eu não acredito em Deus e não sou ateu”. Interessante o fato de que em certo momento pensara em ser Dominicano... Foi seduzido em muitos pontos pelo cristianismo (admirava a pessoa de Jesus - mesmo lhe negando a ressureição -, Santo Agostinho, São Francisco de Assis e Pascal); o facto é que se deixava transformar pelo universo cristão, mas não converter (pensemos em "Albert Camus e o Teólogo", de Howard Mumma). Um ponto é claro: o argelino optou por uma existência sem Deus e crítica da Religião:

“A crítica do cristianismo de Camus é largamente tributária de Nietzsche. Assim como ele, Camus se vê ‘fiel à terra’. Ele critica os ‘mundos do além’ que oferecem a ilusão de uma outra vida, quando conta apenas a existência presente (...). Quanto à Igreja institucional, Camus reprova (...) sua aliança com as ‘forças conservadoras’”[5]

José Ramón Ayllón,
Bom, não alonguemos ainda mais essas notas introdutórias. Nossa intenção foi tão somente preparar o leitor para compreender melhor o texto abaixo escrito pelo filósofo José Ramón Ayllón. Que esse artigo nos anime na luta apostólica, a fim de que, mostrando aos outros a beleza e o amor de Deus, possamos livrá-los dos caminhos de trevas que perigam perder as almas. Albert Camus foi um filho de seu tempo e, infelizmente, nos revela até onde poder chegar o homem quando distante da graça de Deus e subjugado por seu próprio ego. Virgem de Guadalupe, Rogai por nós! 

O CÉU NÃO RESPONDE

“Depois de termos visto por alto alguns motivos que levam o ser humano a procurar a Deus necessariamente, compreendemos que Hegel tenha dito que não perguntar-se sobre Deus equivale a dizer que não se deve pensar. Mas também sabemos – como Albert Camus – que qualquer dia a peste pode acordar de novo os seus ratos e enviá-los a uma cidade feliz para dizimá-la.

Os biógrafos de Camus, prêmio Nobel de literatura em 1957, atribuem a sua profunda incredulidade a uma ferida que as garras do mal lhe causaram na adolescência e que nunca cicatrizou. Vivia em Argel, tinha quinze ou dezesseis anos e passeava com um amigo à beira-mar. Depararam com um rebuliço de gente. No chão, jazia o cadáver de um menino árabe, esmagado por um ônibus. A mãe chorava em altos gritos e o pai soluçava em silêncio. Depois de uns momentos, Camus apontou para o cadáver, levantou os olhos ao céu e disse ao amigo: ‘Veja, o céu não responde’.

‘Veja, o céu não responde’.
A partir de então, cada vez que tentava superar esse impacto, levantava-se nele uma onda de rebeldia. Parecia-lhe que toda a solução religiosa tinha que ser uma falácia, uma forma de escamotear uma tragédia que nunca deveria ter ocorrido. Daí em diante, o futuro escritor dá as costas a Deus e abraça a religião da felicidade. ‘Todo o meu reino é deste mundo’, dirá. E também: ‘Desejei ser feliz como se não tivesse outra coisa que fazer”.

Mas, ataca-o o golpe brutal de uma doença. Dois focos de tuberculose truncam a sua
carreira universitária e obscurecem o horizonte azul de um jovem que reconhece a sua paixão hedonista pelo sol, pelo mar e por outros prazeres naturais. Instala-se o absurdo numa vida que só queria cantar. E é então que o escritor faz Calígula dizer uma verdade tão simples, tão profunda e tão dura: ‘Os homens morrem e não são felizes’.

Para Camus, a felicidade será a disciplina sempre deixada para trás no currículo da humanidade. Para ele uma vida destinada à morte converte a existência humana num sem-sentido e faz de cada homem um absurdo. É contra esse destino que Camus escreverá ‘O mito de Sísifo’, em que a sua solução voluntarista se resume numa linha: ‘É preciso imaginar Sísifo feliz’. E a felicidade de seu Sísifo – que bem pode ser Mersault, o protagonista de O estrangeiro – é a autossugestão de julgar-se feliz.

O romance ‘A peste’ será uma nova tentativa de tornar possível a vida feliz num mundo mergulhado no caos e destinado à morte. Mais que um romance, é a radiografia da geração que viveu a Segunda Guerra Mundial. Camus já não fala do seu sofrimento individual, mas dessa imensa vaga de dor que submergiu o mundo a partir de 1939. Nas suas páginas finais, recorda-nos que as guerras, as doenças, o sofrimento dos inocentes, a maldade com que o homem trata o homem... só conhecem tréguas incertas, após as quais recomeçará o ciclo do pesadelo.” 

FONTE: AYLLÓN, J. Ramón. Mitologias modernas. Trad.: Emérico da Gama – São Paulo: Quadrante, 2011; p. 54-56. (Temas cristãos; 145)




MARIA SEMPRE!





[2] Em 1957 Albert Camus conquistou o Prêmio Nobel de Literatura
[3] Pertencera ao partido comunista e a grupos de resistência politica
[4] A doença, a guerra, a morte, a fome e a pobreza.
[5] Conferir: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/noticias-anteriores/30891-albert-camus-e-sensivel-a-humanidade-de-cristo