quinta-feira, 21 de julho de 2016

SOBRE A VISÃO ROMÂNTICA - PARTE I


"O Romantismo não se define: sente-se"

Prof. Pedro Maria da Cruz


Livro aqui indicado
Luís Washington Vita (1921-1968) é conhecido no meio acadêmico como historiador culturalista da Filosofia no Brasil. Seu livro “Panorama da Filosofia no Brasil” (do qual apresentamos alguns parágrafos abaixo referentes ao Romantismo), apresenta em várias partes uma crítica superficial e infundada à posição filosófica da Igreja Católica, assim como, ao papel que exerceu a Idade Média na história mundial. De facto, nesse livro específico, o autor parece reduzir o todo medieval ao período de decadência da escolástica, a qual, excluída em muito de sua rota por vários autores, acabou propiciando o surgimento de erros modernos.

Para Luís W. Vita, o termo Renascença é apropriado “(...) para sugerir a sensação que o homem de Quinhentos teve de renascer com alentos e modos de vida espiritual que, de certo modo, se haviam interrompido ou atrofiado durante séculos.” (p.10) Ainda segundo o mesmo autor, de modo um tanto reducionista, a Contra- Reforma católica teria levado Portugal a um “obscurantismo propositado” (p.12), ou, usando outra frase do livro, o Concilio de Trento “(...) se limitara a tão-somente a reforçar a cinta de ferro com que a Igreja, em nome da religião, comprimiu o cérebro da catolicidade.” (p.12) Reconhece, devemos dizê-lo, o papel da Igreja na formação intelectual do Brasil, porém, todo o tempo, demonstra clara aversão à visão católica (chamada “tirania do Homo credulus”, p.11) o que está alinhado, cremos, às suas estranhas referências à maçonaria. 

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“O movimento de cultura, e por isso mesmo também filosófico, que nasce como uma reação ao iluminismo, é o Romantismo. No Brasil foi a primeira afirmativa de nossos valores mais caros, atuando como centros irradiadores as duas faculdades de Direito existentes na primeira metade do século XIX: a de São Paulo e a do Recife. Ao lado desses dois institutos de estudos superiores também atuam as lojas maçônicas.”

Símbolo da maçonaria. Condenada pela Igreja
“(...) É o momento em que viceja a maçonaria, não apenas multiplicando lojas propriamente ditas, a partir de 1800, como inspirando a formação de grupos interessados na difusão do saber e no culto da liberdade. 

‘Nesse tempo – informa Antônio Cândido – tais associações desempenharam não apenas funções hoje atribuídas aos agrupamentos partidários, mas algumas das que se atribuem ao jornalismo, às sociedades profissionais, à universidade: congregaram e poliram aos patriotas, serviram de público às produções intelectuais, contribuíram para laicizar as atividades do espírito, formularam os problemas do país, tentando analisá-los à luz das referências teóricas da Ilustração. Foi um toque de reunir para os homens interessados na cultura e na política, corroborando o ponto de vista de Hipólito da Costa num dos seus melhores ensaios, onde analisa a necessidade e função das ‘sociedades particulares’: elas correspondem a uma necessidade de organização social – pois a marcha da civilização está ligada à diferenciação da sociedade – e condicionam o próprio funcionamento do Estado, ao se interporem entre ele e os indivíduos cujas atividades definem e coordenam. ’

E tudo fluía – acadêmicos e maçons – numa atmosfera romântica.

Schelling (1775–1854)
Problema prévio apaixonante, e por isso mesmo controvertido, é o da definição do Romantismo. Já na sua origem, em 1801, afirmava Sébastien Mercier que ‘o romantismo não se define: sente-se’. Para alguns o Romantismo é uma constante espiritual do homem, contraposta ao Classicismo: é a tendência a acentuar a primazia do sentimento sobre o pensamento, da intuição sobre o conceito, do dinâmico sobre o estático, do orgânico sobre o mecânico, do alusivo sobre o presente, do expressivo sobre o plástico. Assim, romântico seria o dionisíaco enquanto que o clássico seria o apolíneo, e acompanha a humanidade desde sua gênese. A esta concepção se opõe a teoria historicista, que afirma ser o Romantismo uma forma de vida humana e, por isso, constitui uma etapa da História, isto é, um dos modos de ser do homem num dado instante de sua evolução. (...) admite Roger Picard, ainda que com algumas restrições, que o Romantismo ‘foi uma época histórica’, daí explicar-se sua integração com o movimento das ideias, das reivindicações e das lutas sociais. Quer isto dizer que mais que um momento da Filosofia ou da Arte, foi o Romantismo um momento da cultura europeia, que vai precisamente dos fins do século XVIII até a metade do século XIX, e que explica seus motivos mais característicos na sua reação ao Iluminismo, que o precede. Ao império da razão e das regras opõe a exaltação da genialidade e espontaneidade do espírito nos seus aspectos a-racionais, intuitivos, sentimentais, fideístas. E à Filosofia coube interpretar esse momento espiritual nos grandes sistemas de Fichte, Schelling e Hegel, nos quais é feita a tentativa grandiosa de mostrar a fecundidade de um princípio espiritual (respectivamente, Eu, Absoluto e Ideia), no qual se integra numa unidade todo o sistema do universo. Identificando os contrários, fundindo todos os aspectos da realidade e da cultura num princípio único, e defendendo a tese da igualdade essencial da Filosofia, da Ciência, da Arte e da Religião, encontrou o Romantismo seu filósofo máximo em Schelling, que lhe imprimiu o tom peculiar de sua forma mentis.


Continua aqui.


Fonte: VITA, Luís Washington. Panorama da Filosofia no Brasil. COLEÇÃO CATAVENTO: Série Universitária. Porto Alegre: Editora Globo, 1969; págs. 48-60


MARIA SEMPRE!

domingo, 3 de julho de 2016

NOTÍCIAS: EVENTO "APELO AO AMOR!"

Evento "Apelo ao Amor", auditório do Hospital Universitário

Ocorreu no último dia 25 de Junho o evento "Apelo ao Amor" no auditório do Hospital Universitário Clemente Farias, Montes Claros - MG. Contando com a presença de amigos e benfeitores da Sociedade da Santíssima Virgem Maria - SSVM, o encontro transcorreu em clima de intensa piedade e reflexão. O objetivo foi o lançamento do compêndio "Vinde a mim todos", organizado pelo sr. Paulo Vinícius Oliveira, advogado, membro da SSVM. Segundo explicado pelo autor, o texto é composto pelo resumo dos escritos referentes às revelações de Nosso Senhor Jesus Cristo à Irmã Josefa Menendez, da Sociedade do Sagrado Coração de Jesus.
Sr. Rafael Rocha, orador do evento.

Dado início às 19h do referido dia, o orador sr. Rafael Rocha, acadêmico do curso de Direito - UNIMONTES, tomou a palavra e convidou a todos para a recitação do Santo Terço, como ordenado por Nossa Senhora em várias de suas aparições. Conduzido pelo sr. Lucas Estefânio, jovem membro da SSVM, todos participaram da meditação dos mistérios com notória piedade, o que testemunha mais uma vez o louvável espírito mariano do povo norte-mineiro.

Após a recitação do Santo Terço, o orador expôs de modo introdutório a história da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. No desenrolar de sua fala, apresentou exemplos atuais que explicitam o estado de crise em que vive a Igreja e consequentemente a sociedade hodierna, fato este tantas vezes evidenciado pelo hoje emérito Bento XVI.

Convidados rezando o S. Terço
Num terceiro momento, o sr. Rafael Rocha chamou para compor a mesa o reverendíssimo Sacerdote Jesuíta, Pe. Henrique Munaiz, sempre muito próximo das atividades promovidas pela Sociedade da Santíssima Virgem Maria. Foi ele quem deu à arquidiocese de Montes Claros a alegria do retorno da Santa Missa no rito Tridentino, após décadas de ausência. Compôs o quadro o sr. João Soares de Oliveira Junior, Presidente da SSVM e o sr. Paulo Vinicius Oliveira. Findados os convites, tomou a palavra o organizador do compêndio. 

Pe. Henrique  aprecia o compêndio
O sr. Paulo Vinicius expôs com maestria o conteúdo da obra em questão ("Vinde a mim todos"), fato muito edificante. Sua conferência foi acompanhada de uma aprofundada reflexão a respeito das palavras transmitidas pela serva de Deus que teve a honra de receber as visitas sobrenaturais de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não deixou de chamar a atenção à necessária verdade da reparação tão ligada à devoção ao Sagrado Coração. Com efeito, num mundo onde alastrou-se um sentimentalismo exacerbado fruto do Romantismo não combatido devidamente, corre-se o perigo de uma abordagem manca a respeito da misericórdia, tema tão ligado a essa devoção. Vem-nos à mente as palavras de Santo Tomás de Aquino (Doutor da Igreja) o qual com extrema lucidez, afirmara: "Ser misericordioso é ter de algum modo um mísero coração, isto é, atingido pela tristeza à vista da miséria do outro, como se fosse a sua própria. Segue-se então que se busca fazer cessar a miséria do próximo como se fosse a sua própria; esse é o efeito da misericórdia."1

Sr. Paulo Vinicius expôs com maestria o teor da obra.
Terminada a conferência, abriu-se um espaço para a participação dos presentes. Todas as questões apresentadas foram sanadas pelos que compunham a mesa. Os modos alegres e expressivos do Pe. Henrique completaram com eloquência as mui embasadas respostas dadas aos que recorreram à mesa.


Finalmente, feito os devidos agradecimentos, todos foram convidados para um agradável convivência, onde foi oferecido aos amigos e benfeitores um delicioso coquetel. Ali, as pessoas puderam adquirir a obra "Vinde a mim todos" assim como outros materiais de piedade: Catecismo do Escapulário do Carmo, Quadros religiosos e os já conhecidos Pugnas, boletins distribuídos gratuitamente à população católica.


Pe. Henrique ladeado por alguns membros e amigos da SSVM.

Aspectos gerais do lançamento do compêndio "Vinde a Mim todos!" (Organizado pelo Sr. Paulo Vinícius Oliveira) durante o evento "Apelo ao Amor" da SSVM.






Fotos: Sr. Renato Diniz/ Sr. Anderson Santos


MARIA SEMPRE!


Referência:

1 AQUINO, Santo Tomás. Suma Teológica. Tomo I. Questão XXI, Art. III.