terça-feira, 13 de dezembro de 2016

COMO TRATAR COM OS SUPERIORES?

Paulo III recebe as Constituições (Santuário de Loyola, Espanha)
“Nunca diga ao Superior, tratando com ele: isto ou aquilo é ou será bom assim; mas diga no condicional, se é ou se será.”

“A experiência, com o tempo, descobre muitas coisas; 
e inclusive elas mudam com o tempo.”

Nessa carta Santo Inácio escreve aos Jesuítas sobre o modo de representar aos superiores quando os subordinados achavam ser maior glória de Deus algo diferente do ordenado pelos superiores: tudo em ordem à perfeição da obediência. Poderemos observar como em tudo Inácio de Loyola conduz à humildade, inclusive no modo de os subordinados falar aos Superiores. O santo fundador experimentava desgosto com aqueles que vinham a ele com ideias formadas, sem a devida indiferença. Santo Inácio os chamava de modo aborrecido: “Decretistas”.

MODO DE TRATAR OU NEGOCIAR COM QUALQUER SUPERIOR
(Roma, 29 de Maio de 1555)

- Quem for tratar com algum Superior leve as coisas bem mastigadas e estudadas pessoalmente ou consultadas com outros, segundo forem de maior ou menor importância. Contudo, nas coisas mínimas ou de muita urgência, se não tem tempo para olhar e conferir, deixa-se à sua boa discrição se deverá ou não representá-las ao Superior sem tê-las consultado ou pensado muito.

- Assim assimiladas e bem pensadas, apresente-as dizendo: estudei este ponto pessoalmente, ou com outros, segundo for o caso; e pensei ou consideramos se seria bom assim ou assim. Nunca diga ao Superior, tratando com ele: isto ou aquilo é ou será bom assim; mas diga no condicional, se é ou se será.

- Uma vez colocadas assim as coisas, caberá ao Superior decidir ou esperar algum tempo para pensá-las, ou remetê-las àquele ou àqueles que as estudaram, ou nomear a outros para que as estudem ou decidam, segundo a coisa for mais ou menos importante ou difícil.

- Se à decisão do Superior ou àquilo que ele disser, replicar algo que lhe parecer bem, uma vez que o superior tornar a dar a sua decisão, não replique mais nem dê outras razões por enquanto.

- Depois que o Superior determinou uma coisa, se aquele que trata com ele sentir ou pensar com algum fundamento que seria melhor outra coisa, embora suspenda o sentir por enquanto, depois de três ou quatro horas ou no dia seguinte pode representar ao Superior se seria bom isto ou aquilo, conservando sempre tal modo de falar e tais palavras que não haja nem pareça haver nenhuma dissenção ou desacordo e calando diante do que for determinado naquela hora.

- Contudo, embora a coisa tenha sido já decidida uma e outra vez, depois de um mês ou mais tempo pode representar de novo o que sentir e achar da ordem dada; porque a experiência, com o tempo, descobre muitas coisas; e inclusive elas mudam com o tempo.

- Além disso, quem trata deve adaptar-se às disposições e qualidades naturais do Superior, falando claro e com voz inteligível e nos momentos oportunos, na medida do possível...” (Suprimimos o restante desta instrução contida na carta de Santo Inácio, pois tratam de normas administrativas sobre correspondência)


FONTE: CARDOSO, Armando. Cartas de Santo Inácio de Loyola. Vol. II. São Paulo: Edições               Loyola, 1990; p.137-138


MARIA SEMPRE!

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